Se rir é o melhor remédio começamos bem e gastar a onda
dessa maneira tendo fumado maconha é, sem dúvida, um dos maiores baratos da
erva. Recreativa é também social, pois outra risada deliciosa é a dada em
grupo, entre amigos. Do riso à ideia e aos papos mais vagos estamos
na onda! Outra forte característica da Cannabis está na introspecção conferida
através do estímulo à auto-análise do efeito. Ouso dizer que a galera do
baseado se entende melhor, além da disposição para a paz.
A alegação do riso já diz bastante coisa, não!? Porém
poderíamos enumerar um sem número como: a larica, que torna a experiência de
comer algo incomparável, os benefícios para o controle de enjoos e complemento
ao tratamento de câncer e HIV e recuperação de usuários de crack. Quem sabe a
mulherada não estaria mais tranquila durante a TPM com um bom baseadinho?
Aliás, a participação feminina poderia ser apontada como um
nó na questão da liberdade envolvida na maconha, pois ainda percebemos baixa
participação de mulheres nas rodas de maconheiros, além de homossexuais. Claro, um
salve a nós gays e a mulherada maconheira, mas somos minorias ainda! Quem sabe
a influência do reggae – decididamente machista – e da cultura da
criminalização possam ser apontamentos para melhor reflexão da questão, mas não
há pretensão aqui de fazer uma genealogia dessa participação nas rodas de maconheiros.
Contudo, não se trata de um problema. Problema mesmo da
Cannabis é a política proibicionista e de criminalização, pois é o que gera os
mais graves problemas de violência, corrupção e cerceamento de liberdades. Na
extensa cadeia que vai da produção à comercialização gente corrupta, incluindo
a indústria de armas, se beneficia da caça aos maconheiros aliados ao processo
de convencimento pela mentira dos setores populares e médios da sociedade mais
ampla ao apontar os caçados como a origem do mal.
Ainda assim com todo o esforço de guerra mobilizado contra a
maconha, por exemplo, os mesmos lugares que tradicionalmente plantam a erva são
os que continuam plantando e os mesmos lugares que são dados como centros
consumidores são os que continuam consumindo; e na esteira do progresso, os
países que aceitaram o pacote dos EUA de combate às drogas, como o México de
hoje e a Bolívia antes de Evo, só assistiram a escalada das armas com conseqüente
aumento da violência. Quanto ao império a o ordem do dia é a flexão, pois
dentro de suas fronteiras, os estados americanos apontando para o fracasso do
atual modelo, desenvolvem novas práticas e leis de vão da liberação e
regulamentação do consumo e venda de maconha para fins medicinais até a
descriminalização.
No mesmo sentido, só que mais profundo, está a mais
importante iniciativa anunciada nos últimos anos pelo governo de Mujica no
Uruguay quanto à maconha. O governo frenteamplista propôs medidas para a
produção, controle de qualidade, recolhimento de impostos, regulamentação,
porte e consumo pela via do Estado, o que deixou de fora os plantadores individuais,
por exemplo. Mesmo incompleto o projeto aborda o tema em suas dimensões mais
complexas, pois a liberação do consumo e descriminalização do porte esbarra sempre
na produção e no fornecimento.
Obviamente alardeado, o projeto uruguayo segue agora em
ritmo mais lento, o que não significa parado, pois o próprio Executivo junto à
maioria do Legislativo pôde notar no debate com a Sociedade Civil e entidades
de classe que ao anunciar um projeto tão amplo não seria através da canetada
que as coisas se resolveriam. Mas os apontamentos estão dados e o Uruguay segue,
certamente, como um exemplo.
Já o Brasil...
Como pode um país complexo, grande e central quanto aos
efeitos perniciosos da política proibicionista e de criminalização como o nosso dar marcha à ré?
Pode se aprovar no Legislativo o PL 7663 do Deputado Federal
Osmar Terra (PMDB/RS), apoiado, inclusive e decepcionante, por setores do
Partido dos Trabalhadores (PT). Aliás, a proibição é muito recente, pois o uso
deliberado ou liberado que vai desde sociedades ameríndias que utilizavam
maconha no cotidiano até os comerciais da indústria dos anos 50 era a regra e
não a exceção. Logo, o PL agravante do Deputado está, decididamente, na contramão
da história.
Enquanto o mundo tenta encontrar outras maneiras de lidar
com a maconha e a questão das drogas e os efeitos da tragédia de Nixon adotando
medidas que comprovadamente reduzem os efeitos da violência gerada pela guerra
e os efeitos do uso inadequado de drogas, o Brasil está disposto a REGREDIR e
agravar os problemas. Com dispositivos que asseguram a internação à força de
usuários e o aumento de penas para pequenos traficantes, o que estamos nos
propondo é adotar a postura e a lei americana dos 50 anos de tragédia da guerra
às drogas. Sem dúvida um grande demérito para as liberdades constitucionais,
para a Democracia, para a seriedade da atividade legislativa e para o
desenvolvimento brasileiro. Corremos o risco de mais desordem e somente os ignorantes
optam por adotar medidas que só agravam o conflito.
Acho melhor a risada...
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